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Da Índia ao Bharat: Sobre nacionalismo e mudança de nome das ex-colônias

Atualizado: 3 de out. de 2023

O governo indiano pretende apresentar uma resolução buscando renomear a Índia como Bharat na sessão especial do Parlamento em 18 de setembro. As especulações surgiram após um convite aos delegados do G20 mencionar as credenciais da Presidente Draupadi Murmu como Presidente de Bharat.

Antes da sessão especial do Parlamento, que pode testemunhar a resolução de renomear a Índia como Bharat (República de Bharat), aqui está um olhar sobre as origens da palavra Bharat, o significado da palavra Bharat (Bharata), a referência a Bharatvarsha e Bharat Mata - os termos que agora ganharam importância política à luz das Eleições Gerais de 2024.

Bharat, uma palavra em sânscrito, traduz literalmente como "carregar" ou "transportar" e significa "aquele que está em busca de luz" ou "conhecimento". Historicamente, a Índia tem sido conhecida como Bharat, o que significa "aquele em busca de luz" ou "conhecimento". Existem inúmeras referências que remontam às origens do nome Bharat (Bharata), Bharatvarsh e Bharat Mata.

Mais do que uma ressignificação ou mudança de nome, parece ser também uma página virada em relação ao passado colonial do Império Britânico. Mais além, podemos falar de um passado que remonta à antiguidade clássica, pois o nome Índia já era usado pelos gregos, como Heródoto. O nome deriva do nome Sindhu, que era o nome do Rio Indo. O equivalente Persa para Sindhu era Hindu. O Indo foi conquistado pelos persas por volta de 516 A.C. . Ou seja, desde a antiguidade é um nome que está ligado aos invasores da região.

É importante dizer que o nome Bharat já está presente na constituição do país asiático. A mudança de nome apenas iria referendar o nome hindi do país. Observando o caso da Índia, podemos refletir sobre como os nomes dos países que foram colônias de potências europeias foram escolhidos de maneira arbitrária ou completamente de maneira acrítica, sem reflexões.

No nosso caso, o próprio nome do continente, América, já é em homenagem ao navegador Américo Vespúcio. Tornou-se, também, o nome do país mais poderoso do continente, os Estados Unidos da América. O Brasil, que já teve outros nomes, tem esse nome muito provavelmente devido à planta Pau-Brasil. A Colômbia possui o nome em homenagem a Cristóvão Colombo, navegador que chegou à América em 1492.

Indo para outro continente, temos a Austrália, que basicamente significa terras localizadas ao sul. O colonialismo, além de colocar a Europa no centro do mundo, com seus mapas enfatizando a centralidade europeia, colocou os outros povos explorados sempre à margem ou afastados em relação ao centro, que evidentemente era a Europa, na visão dos colonizadores.

É importante dizer que, no nosso caso brasileiro, temos um legado ibérico importante. Mas é necessário também valorizar a contribuição nativa tanto quanto a contribuição africana para a cultura brasileira. No caso da Índia, ou melhor, de Bharat, precisamos lembrar que muito tempo antes do domínio inglês, as religiões originadas no subcontinente indiano, bem como suas filosofias, já influenciavam grande parte da Ásia. O governo colonial inglês não pôde dominar culturalmente o Bharat, embora exercesse o domínio por meio da força das armas. Não foi à toa que foi derrotado por um pensador e ativista como Mahatma Gandhi, que podemos considerar como um dos principais artífices da independência de facto do Bharat. O país atualmente é uma potência emergente, mas que se insere em grupos restritos: Potência militar convencional e nuclear; Potência espacial, sendo um dos quatro países que lançaram sondas à Lua; Potência econômica, sendo uma das maiores economias e mercados consumidores do mundo.


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