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A direita e o conflito na Rússia.

Atualizado: 13 de set. de 2022

Como o posicionamento de muitos “direitistas” revela que eles ou não sabem o que querem para o Brasil ou, se sabem, não querem o melhor.


O conflito na Ucrânia expôs um lado na direita do Brasil que ficou escondido durante os dois anos de pandemia: a crença cega naquilo que a mídia diz, principalmente quando o assunto for geopolítica. O questionamento por parte da direita do uso de máscaras e da vacinação compulsória nos fez crer, falsamente, que o público havia acordado para a manipulação midiática.

Porém, foi só ressurgir algum conflito (desta vez, teoricamente, não iniciado pelos EUA) que as pessoas voltaram a sentir aquele delicioso conforto que sentiram nos conflitos do Iraque, do Afeganistão, da Síria, Líbia, entre outros: o de sentar no sofá, desligar o cérebro, não pesquisar nada e apenas acreditar em 100% do que os jornalistas falam. Era de se esperar que, desta vez, sendo o conflito logo após coisas bizarras, como demonizar os caminhoneiros do Canadá e tratar Trudeau como um expoente da liberdade, o pensamento crítico estivesse ainda aquecido e a tempo de, pelo menos, tentar entender o lado russo e os dez anos (no mínimo) que antecederam o conflito e o causaram. Porém, não. A narrativa do “bem contra o mal” colou tão bem quanto colava antes da ditadura sanitária.

Ao tentar explicar para muitos que a Rússia não é mais a URSS, que a OTAN não é meramente defensiva, que os EUA não são os salvadores da humanidade, percebemos uma dificuldade clara: a propaganda americana presente em tudo se cristalizou na mente das pessoas de tal forma, que dizer que os EUA não têm o bem-estar do mundo na sua lista de interesses é pior que contar a uma criança que Papai Noel não existe. Aí nos xingam de esquerdistas porque sempre ouviram o discurso de “imperialismo americano” vindo da esquerda.

Sim, pode mesmo ter sido um bordão da esquerda por muito tempo, mas aí nos cabe questionar: será que o mito do Tio Sam cheio de bons valores e que só quer o nosso bem não seria um bordão da direita? Pior: talvez bem menos realista do que o do imperialismo? Será que não está na hora de substituirmos o conflito esquerda x direita por um entre os que defendem a pátria e sua soberania versus os que querem nos deixar subalternos dentro de uma ordem unipolar?

Com o posicionamento do presidente e do Itamaraty, que não embarcaram na histeria anti-Rússia ficou clara uma coisa: existem sim projetos de Estado para nossa política externa. Houve um lapso temporário nestes projetos com a combinação de Trump na Casa Branca com Ernesto Araújo no Itamaraty. Mas hoje temos de volta uma política externa de Estado e não de governo: e é claramente pró-BRICS e pró multipolaridade. E foi ela, quer as cheerleaders do Tio Sam gostem ou não, que terminou vencedora no primeiro governo de direita no Brasil. Os que querem viver no século 20 terão que engolir o Brasil do século 21.

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